terça-feira, 4 de março de 2014

Entrevista à jornalista Fátima Anjos


Fátima Anjos, 31 anos
Começou a fazer jornalismo aos 18. Para além de gostar de escrever, desde muito nova que sonhava ser jornalista para conseguir, através da informação, combater injustiças e corrigir o que não estava bem na sociedade.
Começou por escrever artigos de opinião no Notícias de Vizela, um jornal editado em Vizela durante mais de 70 anos. Neste momento é diretora do RVJornal que pertence à Rádio Vizela.
Nos tempos livres gosta de estar em família, de passear, de viajar e conhecer outras culturas. Gosta de ler, sobretudo revistas temáticas. Na televisão vê um bocadinho de tudo. Aproveita alguns tempos livres para ir ao cinema, que aprecia bastante.


O 6º D trabalhou a literacia da informação quando se propôs receber e entrevistar Fátima Anjos. Prepararam, assim, uma cuidadosa entrevista, que aqui se reproduz:

6º D - Que caraterísticas deve ter um jornalista?


Para ser jornalista é preciso uma grande paixão. Temos uma hora para entrar no jornal mas nunca sabemos a que horas vamos sair. A vida é acelerada, temos de estar sempre com as antenas ligadas. Aliás, na maior parte das vezes, antes da Fátima está  a jornalista, é assim que a maioria das pessoas me vê. Para não falar dos fins de semana  quase sempre ocupados. Sob o ponto de vista financeiro os jornalistas, como outras profissões, não são remunerados como mereciam.
Para além de ser trabalhador e dinâmico, o jornalista tem que ser imparcial, escrever sobre o que é preciso escrever, goste ou não. Tem que ser, sobretudo, um profissional muito atento.

No seu trabalho de jornalista, que tipo de tarefas gosta mais de fazer?


Gosto de fazer de tudo mas gosto, sobretudo, de estar em contacto com as pessoas, gosto de as ouvir, de ouvir as suas histórias, as suas experiências. No jornalismo local nós não fazemos só política, economia, desporto, também fazemos reportagens sobre temas muito variados. Por isso, os nossos dias não são nada monótonos porque temos de estar atentos a diferentes iniciativas organizadas por pessoas  da terra ou do interesse da população de Vizela. Pessoalmente, tenho alguma preferência pela área da política.

Qual foi a entrevista que lhe deu mais gozo fazer até hoje?

A resposta não é fácil, mas posso referir as entrevistas que fiz há cerca de um ano, aos jovens que partiram para o estrangeiro em busca de sonhos, jovens que já não vinham a Vizela há muito tempo e que partilharam as suas experiências com o RV. Entrevistei vários, em diferentes países. Deu-me gozo fazer em primeiro lugar porque foi como se estivesse a fazer uma viagem por aqueles países, a fotografar, a assimilar os costumes das regiões em que se encontravam, e depois, não menos importante, a possibilidade  de trazer até Vizela essas experiências e a voz de vizelenses há muito ausentes da sua terra natal.

Na área do jornalismo, há algum trabalho que não goste de fazer?

Cada jornalista tem alguma preferência por esta ou aquela temática. Eu confesso que se puder evitar a cobertura de acontecimentos dramáticos ou mesmo trágicos, evito-os e encaminho-os para pessoas com perfil mais indicado a estas situações.

Como é o dia a dia de uma redação de um  jornal? 

A secretária está sempre desarrumada, os papéis não param de chegar, o telefone toca constantemente. Temos uma agenda de base, organizada, como por exemplo ligar para os Bombeiros e para a GNR para sabermos das ocorrências. Além disso há as iniciativas já marcadas. Depois há as notícias surpresa. Há sempre um espaço reservado para estas notícias que, quando acontecem, obrigam à saída par o local dos acontecimentos para a recolha de fotos. Acidentes, por exemplo, ou visitas de pessoas importantes a Vizela. Quando saímos para trabalhar nunca sabemos o que nos espera, pode ser um dia com muito trabalho, muito agitado ou pode ser um dia mais calmo.

Como é que nasce o jornal todas as semanas?

Um jornal nunca traz páginas em branco. Há sempre aquelas notícias sobre iniciativas que já estão marcadas que já conhecemos com antecedência mas temos que deixar sempre espaço  para as tais coisas que possam acontecer a qualquer momento e que os jornalistas possam lá colocar. Além disso, um jornalista tem que ter sempre ideias de reportagens sobre vários temas para garantir um jornal preenchido. 
Selecionadas todas as notícias e todos os artigos para o jornal de uma determinada semana há uma espécie de arquiteto do jornal que o "desenha", planifica e monta. Hoje em dia é enviado à gráfica, em Braga, pela Internet. Faz-se a impressão durante a noite de quarta-feira. Na quinta- feira de manhã vamos buscá-lo. Nessa altura é distribuído e colocado à venda nas papelarias e quiosques. Fechado um jornal, começa logo a nascer um novo, é um processo que nunca para.

Foi com receio que recebeu a proposta de ser a diretora do RV Jornal?

Para mim foi uma boa notícia apesar de um tanto assustadora. Já escrevo há alguns anos, sei como é que funciona o jornal, no entanto é uma grande responsabilidade. Quando abrem o jornal encontram um rosto, e quando alguma coisa não corre bem é aquela menina que dá a cara. É um grande responsabilidade. Mas temos de estar sempre prontos  para novos desafios.

Qual foi o seu maior êxito?

Não vejo as coisas dessa forma, o meu trabalho no jornal não é um trabalho individual, é um trabalho de equipa que, no meu caso, abrange outras pessoas, outros jornalistas que trabalham também na Rádio Vizela. Fazemos o Jornal, fazemos a Rádio e também um site. Os maiores êxitos têm sido conseguidos por esta equipa que tem contribuído para  o crescimento do RV e da onda 97.2.

Como é que as notícias chegam ao jornal?

Algumas pessoas contactam-nos diretamente. Outras ( cada vez menos) chegam por carta, por telefone, correio eletrónico, pelo facebook, por outras redes sociais.  Outras vezes são situações que descobrimos através das nossas fontes.  Cabe ao jornalista procurar a informação e estar atento ao que o rodeia.

Tem o sonho de algum dia trabalhar num jornal nacional?

Não é um objetivo traçado. Gosto muito do projeto em que estou, porque me tem permitido desenvolver projetos interessantes. Também me sinto-me bem na rádio mas não posso dizer que não pesaria a situação se me surgisse a oportunidade.

Como é que consegue conciliar o trabalho no Jornal com o trabalho na Rádio?


Fácil. Qualquer notícia é passada primeiro na Rádio, é o imediato, depois é feita para o formato do jornal. Os jornalistas da rádio são os jornalistas do jornal.

Houve alguém especial a apoiá-la na sua carreira?

Sim, profissionalmente, o primeiro foi o Sr. Abel Pinto, o diretor que me acolheu no Notícias de Vizela, mais recentemente, a pessoa que me nomeou como diretora, o Sr. Carlos Martins. Hoje em dia escrevo menos do que já escrevi, porque a tarefa de coordenadora de programação da Rádio não me deixa tempo para a escrita. De qualquer forma a palavra falada e a palavra escrita são duas vias para um só objetivo: manter informada a população de Vizela.
Pessoalmente, o apoio da família e dos amigos foi sempre importante.



A jornalista despediu-se da turma com a promessa de gerir melhor o seu tempo para fazer a atividade física que considera importante para a saúde física e mental.
Os alunos agradeceram a presença e o testemunho de alguém que está numa profissão que continua a atrair muitos jovens e desejaram à sua convidada muito sucesso na sua carreira jornalística.

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