Setembro é glorioso em Manhattan, e este ano não foi excepção. A temperatura pairou nuns perfeitos 24º, com humidade baixa e o céu azul sem nuvens. Ao regeressar à cidade após um Verão agitado, o tempo é sempre sinónimo de que podem ocorrer coisas espectaculares e que a grandeza está mesmo ao virar da esquina. O ar zumbe de excitação e, num único dia, a cidade passa de adormecida a frenética. Há o arrastar familiar do tráfego na 6ª Avenida e na Park, o ar sussurra com conversas de telemóvel, e os restaurantes estão cheios. Para o resto do país, o Labor day marca o fim do verão e o início do ano escolar. Mas em Nova Iorque, o verdadeiro ano começa alguns dias mais tarde, com aquela venerável tradição chamada Semana da Moda.
Na 6ª Avenida, atrás da Biblioteca Pública, Bryant Park estava transformado num mundo encantado de tendas brancas, onde iriam decorrer uma dúzia de desfiles de moda. Degraus alcatifados a negro conduziam a portas envidraçadas, e, durante a semana, aqueles degraus tinham estado bordejados por estudantes e fãs que tentavam vislumbrar os seus estilistas ou estrelas favoritas, por fotógrafos japoneses (que toda a gente concordava serem muito mais educados), por paparazzi, por seguranças de auriculares e walkie-talkies, pelas miúdas das RP (sempre de preto, apresentando expressões preocupadas), e por todo o tipo de espectadoras de saltos bem altos que, a gritar com os telemóveis, exigiam os seus veículos.
Saltos Altos
de Candace Bushnell
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