Encontrei-o na garagem numa tarde de domingo. Foi no dia seguinte à nossa mudança para Falconer Road. O Inverno chegava ao fim. A minha mãe dissera que nos mudávamos mesmo a tempo de aproveitarmos a Primavera. Não estava lá mais ninguém. Só eu. Os outros encontravam-se dentro de casa com o Dr. Morte, preocupados com a bebé.
Estava deitado na escuridão atrás dos baús de chá, na poeira e na terra. Era com se ali tivesse estado sempre. estava sujo, pálido e muito magro, e eu pensei que estivesse morto. Quanto a isso, não poderia estar mais enganado. Em breve comecei a entender a verdade a seu respeito, a perceber que nunca tinha havido outra criatura como ele no mundo.
Chamávamos garagem àquele lugar porque era assim que o agente imobiliário, o Sr. Stone, lhe chamava. Mas parecia mais uma área de demolições, uma lixeira ou um daqueles armazéns antigos que estão sempre a ser deitados abaixo, no cais, do que outra coisa. Stone levou-nos ao jardim, empurrou a porta a apontou a luz da sua pequena lanterna eléctrica para o escuro. Nós enfiámos as cabeças no vão da porta, como ele.
O Segredo do Senhor Ninguém
David Almond
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