quarta-feira, 17 de julho de 2013

Leituras ao sol

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   Cada um traz dentro de si um desejo de tocar o limite do mundo. Um desejo de ser, uma vez na vida, um ponto solitário num espaço infinito. cada um tem dentro de si uma Patagónia por concretizar.
   Há vários pontos no planeta que permitem acreditar no fim do planeta. Que não permitem acreditar em mais nada. O que pode existir depois de um duna abandonada ao vento no deserto ilógico do Kalahari, senhor de todos os desertos do Sul do mundo? O que está para lá da linha do horizonte de Hiva Oa, uma das ilhas mais afastadas de qualquer outra massa de terra. um grão de areia no centro do oceano, um dos lugares mais isolados do planisfério? O que significa viajar cinco dias no comboio que atravessa lentamente a tundra siberiana, e ao sexto dia descer no primeiro apeadeiro possível, ficar parado à beira de uma linha ferroviária sem fim, e não voltar a subir?
   A vertigem do vazio habita dentro de nós. Pode passar despercebida na vida de todos os dias, no jaantar com os amigos, no trânsito engarrafado da hora de ponta, no centro comercial em época natalícia, na praia no Verão. Mas chega o momento que há gente a mais, ruído a mais, informação a mais, consumo a mais. Faltam tempo e espaço...
A Lua Pode Esperar
Gonçalo Cadilhe

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