quinta-feira, 13 de junho de 2013

Livros da nossa biblioteca

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Umas palavras para começar
   Nasci no meio da fumaça e da mortandade da Segunda Guerra Mundial e a maior parte da minha juventude transcorreu na expectativa de ver o planeta voar em pedaços quando alguém premisse distraidamente um botão e fossem disparadas as bombas atómicas. Ninguém esperava ter uma vida muito longa; devorámos angustiadamente cada momento antes que o apocalipse nos surpreendesse; não havia tempo para examinar o próprio umbigo e tomar notas, como se faz agora. Ainda por cima cresci em Santiago do Chile, onde qualquer tendência natural para a autocontemplação é cortada pela raiz. A máxima que define o estilo de vida dessa cidade é: "Camarão que dorme, vai na corrente". Noutras culturas mais sofisticadas, como as de Buenos Aires ou de Nova Iorque, a visita ao psicólogo era uma actividade normal; abster-se era considerado uma evidente falta de cultura ou rusticidade mental. Mas no Chile só os loucos perigosos o faziam, e metidos numa camisa-de-forças; mas, nos anos setenta, com a chegada da revolução sexual isso mudou. Talvez exista uma ligação...
O Meu País Inventado
Isabel Allende 

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