www.wook.pt
A Toupeira tinha passado toda a manhã atarefada,
limpando de alto a baixo a pequena casinha. Agora tinha a garganta e os
olhos cheios de pó, a pele preta toda salpicada de cal e as costas e os
braços doíam-lhe muito. Sentia-se a Primavera no ar e não se podia
fugir àquelas sensações estranhas de desejo e aborrecimento que a
acompanhavam. Não admira, portanto, que de repente a Toupeira atirasse com o pincel para o chão e exclamasse:
- Que maçada! Não há pachorra! Quero lá saber das limpezas da Primavera!
Tirou a tranca da porta e dirigiu-se para o túnel íngreme, que conduzia
lá cima ao campo. Com as patinhas, pôs-se a arranhar, a raspar, a
esgravatar, a furar, ao mesmo tempo que murmurava:
- Vamos lá para cima! Vamos lá para cima! - até que por fim, pop, a ponta do focinho apareceu à luz do sol.
O Vento nos Salgueiros
de Kenneth Grahame
Sem comentários:
Enviar um comentário