sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Semana do Cidadão Portador de Deficiência

 
É já para a próxima semana e este é o programa de atividades. Estará à venda, na biblioteca e na sala dos professores, artesanato, produzido pelos utentes da AIREV e respetiva equipa, assim como um livro do autor Francisco Correia, Histórias com muitas rimas, cujos lucros revertem, na totalidade, para a mesma instituição. São prendas de Natal possíveis, são uma forma de se sentir solidário,  contribuindo para a construção da casa da AIREV. A sua visita pode fazer a diferença!


A palestra "Terapias complementares da aprendizagem" está prevista para o dia 5, às 16 horas e é aberta a toda a comunidade educativa. Este cartaz serviu de inspiração tendo sido responsável pela criação da História da Alice que a seguir se conta:
Era uma vez uma menina que se chamava Alice. Tinha uns olhos azuis que faziam lembrar o mar e uns caracóis tão dourados que pareciam mesmo o sol a brilhar por cima desse mar. A Alice era uma menina muito feliz e sorria muito! Tinha um sorriso muito doce e muito bonito!
   Os pais de Alice sentiam-se muito felizes por terem uma filha tão bonita e tão sorridente, mas viviam preocupados com uma coisa: a Alice não falava! Já tinha quatro anos e, da sua boca, não saía uma só palavra! Quando a menina tinha vontade de brincar com a lua, os seus olhos grandes e vivos voltavam-se para cima e chamavam assim:
-Lua! Oh Lua! Onde estás?! Ainda agora te estava a ver e, de repente, desapareceste! Já sei que estás escondida atrás de uma nuvem! Assim não vale! Ainda nem sequer começamos a jogar ao esconde-esconde e tu já te escondeste! Primeiro, temos de contar até dez! Fazes muita batota, Lua! – Ninguém conseguia ouvir as palavras da Alice porque ela falava com os olhos, não falava com a boca, mas as pessoas normais não entendiam como é que se pode falar com os olhos! Nem os pais da menina entendiam isso e sentiam-se cada vez mais preocupados!
   Quando a Alice queria dizer à mãe que o pudim de leite condensado estava muito bom, esfregava a barriga com uma mão, enquanto a outra fazia festinhas no rosto da mãe, cerrava os olhos com força e esboçava um sorriso enorme!
   E a menina dizia muitas mais coisas, mas ninguém conseguia ouvir as palavras dos olhos, das mãos e do sorriso. Para as pessoas normais só a boca é que consegue falar, mas isso é mentira!
   A Alice também falava com as pernas. Querem saber como? Por exemplo, sempre que a menina queria sair da mesa para ir brincar, começava a baloiçar as pernas para trás e para a frente, para trás e para a frente, com tanta força que, uma vez, até deu um pontapé no prato que a mãe segurava na mão e lá se foi a sopa toda pelo ar! A mãe ficou muito zangada com a Alice porque pensou que ela estava a ser mal-educada, mas não era nada disso! Se a mãe soubesse falar com as pernas, saberia que a menina estava a pedir autorização para sair da mesa! Mas não sabia! E, então, quando isto acontecia a Alice ficava triste e fazia um beicinho. Então, a mãe pensava que menina estava amuada e isso é muito feio! Mas a Alice não estava amuada, só estava triste porque a mãe não tinha escutado as suas pernas, nem o seu beicinho!
   Um dia, voltaram ao médico. Antes de sair de casa, a mãe colocou um raminho de esperança, dentro da carteira, e o pai fizera o mesmo no bolso do seu casaco, mas o que ouviram foi o mesmo de sempre:
   - Oh, valha-me Deus! – dizia, pela milésima vez, o médico - Mas quando é que vocês se convencem de que a vossa filha é surda?! Já não sei mais o que vos diga!
   E os pais de Alice saíram do consultório mais tristes do que nunca!
   Ao dobrar de uma esquina, no caminho para casa, Alice viu uma bela caixinha na montra de uma loja. Era a caixinha mais bonita qua já tinha visto! Era de madeira, pintada de um azul cor do céu, mesmo igual à cor dos seus olhos e tinha uma menina em cima, com um ar muito feliz e que parecia estar a dançar. Olhou para os pais, olhou para a caixa, apontou com o dedo indicador e esboçou um enorme sorriso. Os pais entenderam imediatamente o desejo da menina e compraram-lhe a caixinha.
   Quando chegou a casa, Alice correu para o quarto com a sua caixinha e passou lá o resto do dia. Os pais estavam intrigados. Que estaria Alice a fazer no quarto há tanto tempo?!
   À noite, quando Alice já dormia, os pais da menina, muito curiosos, entraram de mansinho no seu quarto e foram espreitar o que estava dentro da caixinha. Era uma folha de papel dobrada em quatro. Com muito cuidado desdobraram-na e o que viram deixou-os mudos de espanto e emoção: era um desenho sobre eles e a Alice. Estavam os três de mãos dadas com três enormes sorrisos nos rostos. Havia também um sol muito torto, mas que brilhava tanto que aquecia todo o quarto e os corações dos pais. E havia, ainda, muitas flores salpicadas por todo o desenho. Era um desenho que falava e que dizia como Alice era uma menina feliz! E acreditem que o desenho falava mesmo! Afinal, o que Alice tinha guardado dentro daquela caixinha eram palavras! As palavras de Alice!
   O pai e a mãe da menina conseguiram, finalmente, entender que Alice falava, que havia palavras dentro de si! A única diferença, era que não as soltava como as outras crianças, mas que importava isso?! O que importava, realmente, era que a Alice falava! E, nessa noite, os pais de Alice abraçaram-se felizes e dormiram tranquilamente!
Professora Natália Abreu

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